Um belo raio diga - se de passagem, mas bem metido a besta pq arranhava um português mequetrefe (rsrs). Como alguns sabem não sou um cara lá muito competitivo e ela? Ela era somente a estrela do navio! Linda, atenciosa, risonha, falava várias língua, bunda grande... e o principal: tinha franjas. Mas eu achava isso muita espetaqueiro e estava namorando no momento. Foi um raio entre tantos que não dei a devida atenção. A temporada dela no mesmo navio que o meu terminou e ela se foi. Tivemos poucas conversas e a princípio achei ela fútil, sei lá, diva demais, disputada demais. Estava curtindo o meu recalque pq ela falava 2min comigo e ia embora.
Dois meses depois, numa trovejante noite de Agosto, 90% dos brasileiros que estavam no mesmo navio que eu foram demitidos e nós transferidos. Estávamos arrasados e solidários uns aos outros. Eu estava sem esperança, deprimido, ultrajado por um literalmente ataque soviético xenófobo e sem namorada. Chego no outro navio e só queria dormir e acordar na hora de não voltar ao Brasil, mas sim sair do Báltico. Até que meu anjo da guarda e amigo Pablo me chama pra ver o show da noite e quem estava lá mais uma vez? Ela, Saray Mello.
Talvez já tivéssemos nos visto pela cozinha, mas eu estava tão desnorteado que não percebi. Todavia, naquele momento eu não via mais uma menina vestida de Disney, um raio barulhento e metido de bunda grande. Eu via uma mulher fortemente armada e disposta a atirar e foi ali que realmente entrei numa real tempestade. Aquela dança, aquela voz... O raio cai mais de uma vez no msm lugar.
- Mas não, era carência minha - pensei, mas Deus, brincalhão que só fez questão de me aproximar e me provar o contrário.
Muitos brasileiros nos julgaram de forma errada no início, é cultural e não me chateei. Mas ela não. Ela veio e disse que iria ficar tudo bem e perguntou o que houve. O português dela já estava muito melhor e a partir dali nascia uma coisa que a ortografia ainda não inventou uma palavra, mas vamos chamar de laço.E de laços, entrelaços, jazz e MUITAS gargalhadas nos tornamos um nó e aquele raio uma tempestade que só ela domina, como se fosse filha de iansã. Eu, libriano, observei e entendendo a força e a beleza do silêncio, fez - se o nó. O nós.
Entendi que aquela mesma mulher que pode espalhar temporais também pode assoprar a brisa. Que ser forte não é só empunhar a espada, mas saber dançar com ela, mas junto ao coração.

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