Hoje acordei com um trecho de livro lido pelo meu amigo de quarto que falava sobre apropriar - se das dificuldades e não a temesse. Logo após uma amiga desabafou uma situação bastante delicada sobre apropriação cultural e por fim, no show, um senhor aparentemente muito educado e fino nos pediu pra tocar uma música. Nós a trocamos e no final ele pediu um bis com a mesma. Antes de tocarmos a cantora explicou que a música se tratava de um romance. Dim Di. Uma declaração de amor onde o homem se apropria da natureza pra mensurar a beleza e o desejo pela amada.
Naquele momento, com certeza o velho bêbado russo não sabia do que a música se tratava, mas algo o levou à algum lugar que eu pude ver. Ele se ajoelhou na nossa frente transtornado e depois abaixou a cabeça na mesa. A princípio eu achei que estava chorando, mas não, ele sorria talvez lembrando de alguma decepção. Era um sorriso amarelo, mas experiente. Superado. Deve ter sido uma boa história e naquele momento eu me desapeguei dos meus e me apropriei do seu sentimento e entendi que os meus não são nada ou é apenas uma gota desse oceano de histórias. Entendi que o ser humano precisa desse caos e dessa reviravolta. Precisamos da dificuldade de nos entendermos para nos habilitar ao outro. Entendi que a vida é uma apropriação de desejos e escolhas.
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