O PÁSSARO

Hoje ao chegar em casa encontrei minha avó toda chorosa próximo a escada e ao lado dela uma gaiola contento apenas um periquito. Minha vó havia dito que foi colocar ração e o "verde" bicou a mão dela e "pluft" fugiu. Eu sou apaixonado pelo tal verdinho e fiquei chateado também. (Ele reconhece meus barulhinhos e sempre me responde.) Pois bem...

Subo as escadas, abro a porta, sento-me no sofá, ligo a TV e... O periquito está no meu tapete, debaixo da poltrona! Primeiro o susto mas em seguida me veio uma alegria tão grande por ele não ter ido embora,sabe? E ele andava pelo tapete muito a vontade, como se aquilo fosse normal. Bom, peguei minha toalha e joguei em cima dele. Ele não esboçou reação, ficou lá quieto esperando eu pega-lo. Eu o abraço entre os dedos e sinto seu coração bater muito forte e eu sei que ele queria me dizer algo. Abro a jaulinha dele e o ponho novamente na prisão. O outro pássaro lá ficou, parado, como se tivesse pensando "e aí gostou do passeio seu imbecil? Você teve sorte de não ter morrido. Eu prefiro ficar aqui mesmo. Está bom assim".

Logo que fecho a gaiola ele ficou lá me olhando, eu botei o dedo entre os ferros e ele me permitiu toca-lo mais uma vez como se fosse uma forma de agradecimento. E ele ficou lá parado, assustado, frustrado...

Derrepente me bateu uma tristeza que desembestei a chorar, mas chorar de soluçar. A fuga do pássaro foi uma decisão, uma escolha e eu interferi. Mas por que ele foi pra minha casa?  Por que ele não foi embora? coincidência? Medo de arriscar? Não sei, mas a moral que eu levei disso foi:
ELE TENTOU. ELE SE AVENTUROU... ELE VIVEU.

Com certeza ele deve estar agora mesmo contando toda sua aventura para o seu companheiro de cela rindo disso tudo. Feliz da vida!