quinta-feira, 1 de junho de 2017

O Tempo, o Vento, Marte, Venus, a Vida, Escolhas e O Destino

Durante esses dias eu vinha me desentendendo com minha namorada. Ela vem passando por problemas bastante delicados e ainda não descobriu uma maneira saudável de externar isso, coisa de nós seres humanos mesmo. Eu não sou um cara de grandes problemas, mas como qualquer um tenho os meus. Quando eles aparecem eu trato logo de falar de música, de planejar algo mirabolante, talvez pra me ludibriar mesmo... Enfim, tento demonstrar e doar um pouco de mim apresentando esse gesto, mas as pessoas infelizmente preferem fazer da forma mais tradicional.

Em meio a essa reflexão alheia conclui que minha solução está sempre na música, mas meus problemas também e como um bom libriano tentei fazer uma analogia disso:
Desde que resolvi entrar nesse "barco das artes" minha vida foi feita de uma grande inércia e de repente "BOOM!" algo incrível acontecia. Quando jovem eu tocava trombone. Quando meus pais começaram a me cobrar do que ser quando crescer eu precisava prova - los de que música era uma boa jogada. Em meio a inércia de partituras e marchas (era uma banda marcial), meu professor conseguiu um teste pra eu disputar uma bolsa numa escola na baixada fluminense. Consegui! De lá para a escola Villa Lobos seria um pulo (que também consegui!)
No meu instrumento de trabalho também não foi diferente. Eu era um baterista muito respeitado no meu bairro, Rocha Miranda, logo passei a ser conhecido em bairros vizinhos e que por fim, quase toda a cena rock da zona norte já sabia quem era o tal de Davidson Silva que as vezes se chama de Gustavo Costa (?) e que por fim virou Davidson Ilarindo (prometo parar por aqui).

Eu sempre queria mais. Uma vez participei de um festival em botafogo. Minha primeira vez que pisava naquela região do Rio musicalmente falando. Eu achava que todos os gêneros e artistas para serem bem aceito no mercado tinham que passar por lá. Tocar lá já era um sonho, mas... Eu queria mais, queria ser aceito e requisitado lá também. Isso aconteceu. Hoje tenho muitos queridos por lá e de fato minha renda vem do centro e zona sul. Maaaas eu queria mais!

Assistindo canais de TV a cabo, ouvindo muita música, estudando, curtindo e tentando entender minha profunda inércia, perturbado por essa falta de perspectiva profissional, tive durante aquele período um sonho recorrente. Eu contemplava um bem estar de grande felicidade. Porém, pouco a pouco meu corpo ia crescendo até encher todo o espaço, não restando mais lugar nem pra respirar. Tudo ficava escuro e eu só via uma luz no fim do túnel formado por uma forte tempestade. Sabia que minha única salvação era atravessar o túnel para chegar até a luz, mas eu tinha pânico do tornado ameaçador.
Por outro lado eu sabia também que, se conseguisse relaxar totalmente, deixando me levar pela tormenta, desembocaria do outro lado possivelmente são e salvo. Tomei coragem, pulei em direção ao furacão, deixando os ventos levarem meu corpo. Porém, ao chegar ao outro lado, lá estava eu novamente sentado. Então antes que pensasse "o que significa isso?"... "SHAZAN" ou melhor "TRIM TRIM TRIM". O telefone tocou. Eu atendi achando que era uma chamada do banco BMG tentando me descolar um empréstimo que nunca pedi ou as Casas Bahia querendo saber onde algum tio meu devedor morava.  Eu não achava que o tempo fosse virar tão de repente, mas assim é a meteorologia né? rs...  O telefonema era um convite para tocar música brasileira pela Escandinávia, Suécia, Finlândia e até as desconhecidas Letonia e Estonia que um dia quero morar lá de novo.

Os anos se passaram, hoje vivo perturbado por essa falta de perspectiva profissional novamente, sob a mesma árvore frondosa, encostado no tronco, pasto verde e o horizonte da inércia, mesmo céu azul, mesmo sol brilhante e pouco a pouco, outra vez o meu corpo vai crescendo. E assim por diante, várias vezes...
... É aí,  o que temos pro futuro, dona inércia?