segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A MOÇA

Largo do trabalho mais cedo. Estou morrendo de fome mas, não me importo. Corro para a janela. São 20 minutos esperando ela passar.
Do meu campo de visão ela leva exatos 17 segundos para sumir no horizonte. Ela leva 1:23 segundos acompanhada. Eu nem esquento sou um tipico 3ª geração, platônico e dolorido. Mas quer saber? Azar o dela por não ter a minha companhia pois, o horizonte dos outros durariam bem mais ou talvez eles nem nos vissem sabe por que? Por que eu não a largaria. Talvez nem voltaríamos com tanta frequência.

Algumas semanas depois...

Hoje foi um dia especial. Fui elogiado no trabalho e finalmente estou me enturmando com a equipe. Hoje eu não quero chegar cedo mas, meu pensamento não sai daquela janela. Me permito a "folga platônica" e nem volto pra casa.
Conheci uma mulher incrível que disse que eu estava muito tenso e achava que isso era apenas falta de sexo. E olha que legal, ela disse que disso ela resolveria...
Ah, e resolveu.

Acordo enrresacado, roupas para todos os lados mas o pensamento? O pensamento estava lá no mesmo lugar e a consciência de um filho da puta de um pecador. Me senti traindo uma mulher que nem se quer sei o nome. Mas que saber? Era isso que faltava! Era disso que eu precisava! Liberei toda a oxitocina presa em mim e me descambei a gargalhar pelas calçadas. Era a auto-confiança de volta!
E o que antes era um texto que eu tinha certeza que nunca conseguiria falar hoje se transformaria em impulsividade e anarquia.

Conto as horas para anoitecer e não tenho mais medo.
São 23:40h:
O horário que ela costuma passar e nada. Mas relaxei, o ônibus poderia ter atrasado e ora bolas, ela pode ter se distraído com amigos mas virá no próximo ônibus.
... São 23:43h:
Momentos que pareciam uma eternidade mas, o ônibus dela passa pela minha porta, uma euforia interna cria uma ponte entre meu cérebro e o coração e a ansiedade volta como se eu fosse um garotinho mas, eu adoro sentir isso!
Dessa vez não observo discretamente da janela, me posiciono bem lá pro centro da varanda até que...

"Ei! Oi! Desculpa...
Posso falar com você!?"


CONTINUA...